sábado, 23 de julho de 2011

TPM X Compulsão alimentar



Durante a menstruação ocorre  uma mudança no comportamento alimentar ,foram publicados  alguns textos sobre o ciclo menstrual ,alterações metabólicas e alimentares que foram juntamente  avaliados  com a orientação nutricional a pacientes do sexo feminino.Principalmente na área de controle de peso, é possível supor a existência de uma relação da fase do ciclo menstrual com mudanças nutricionais e de comportamento alimentar que, caso ignorada, pode atrapalhar tanto o diagnóstico quanto a conduta nutricional.


 Uma divisão simplificada do ciclo, adotada considera duas fases: a folicular, compreendendo o período do sangramento até a ovulação (inclusive), e a lútea, que começa  logo após, e prolonga até o início do sangramento. Em relação aos níveis hormonais, a fase folicular caracteriza-se pela presença de hormônio folículo-estimulante (FSH), hormônio luteinizante (LH) e estrógeno, os quais levam ao crescimento do folículo ovariano e à ovulação. A fase lútea é  diferenciada pelo aumento dos hormônios estrógeno e progesterona. O decréscimo destes dois hormônios ocorre com a diminuição do corpo lúteo (quando não ocorreu fertilização),  levando ao sangramento.
Os hormônios femininos sexuais endógenos e exógenos influenciam o funcionamento cardiovascular, respiratório e metabólico. (Essas alterações estão associadas à fase lútea, quando se elevam os níveis de progesterona: aumento da temperatura corporal (0,3–0,5ºC), hiperventilação),  aumento  do volume plasmático (que começa a aumentar dois dias após a ovulação e atinge um pico máximo 2-3 dias antes do sangramento).

Há anos foi reconhecido a existência de transformações cíclicas no peso corporal ,eletrólitos  e metabolismo de água no durante do ciclo menstrual .Sabe-se  que a progesterona é o hormônio responsável por retenção de líquidos e sódio na fase pós-ovulatória.Estudos  encontraram mudanças em relação ao peso nas fases correspondentes ao sangramento e à ovulação ,podendo ter um ganho de até 2,25kg após a ovulação. As mudanças de peso que ocorrem no decorrer do ciclo menstrual podem ser um efeito colateral em usuárias de contraceptivos orais, foram verificados que as mulheres usuárias de contraceptivos orais ingerem mais lipídios e menos glicídios, em comparação com as não usuárias,  o que leva a hipótese de que os hormônios gonadais( hormônios sexuais) poderão influenciar a seleção alimentar, contribuindo para um maior ganho de peso, mesmo sem haver  aumento de ingestão energética.
Pode ocorrer uma menor sensibilidade à insulina pela influencia da progesterona na fase lútea, o que poderia influenciar na captação de glicose .Em relação a  outras alterações metabólicas, sobre oscilações de lipoproteínas durante o ciclo menstrual, o HDL-colesterol (“colesterol bom”) é mais alta na fase folicular (quando o estrógeno está em seu nível máximo) que no sangramento, e o LDL-colesterol  ( “ colesterol ruim”)é mais baixo na fase lútea (quando estrógeno e progesterona estão mais elevados) que na folicular.
 
Os hormônios sexuais femininos podem influenciar no metabolismo de magnésio ,cálcio e vitamina D ;o estrógeno age regulando o metabolismo do cálcio, na absorção intestinal deste mineral. Já o  ferro também é  influenciado pelo ciclo menstrual ,pois valores de hemoglobina  são mais baixos em mulheres que se encontravam em períodos de sangramento.
 
A TPM( Tensão pré mesntrual) é um dos distúrbios mais comuns a afetar as mulheres; a maioria delas passa diferentes  alterações durante o ciclo menstrual que podem causar mudanças desconfortáveis  no estilo de vida normal destas. A TPM é caracterizada por: sensibilidade no seio, cólicas, constipação ou diarréia,  retenção hídrica com ganho de peso, fadiga, alterações no humor (irritabilidade, choro, depressão, hipersensibilidade emocional), insônia, suor nas extremidades,  dor de cabeça, desmaior,tontura, variações no apetite e no comportamento alimentar (compulsão alimentar), problemas de concentração, menor rendimento, dores no período que ocorre a  ovulação e aparecimento de acnes.Sob o ponto de vista nutricional, acredita-se que esses sintomas irão influenciar o  comportamento nutricional, diagnóstico nutricional e a orientação dietética realizada.
Para amenizar os efeitos da TPM recomenda-se: tirar o açúcar, sal, cafeína, álcool, carne vermelha e outros alimentos gordurosos da dieta ; comer 4-6 refeições ao dia e não pular as refeições; ingerir grandes quantidade de líquidos; praticar 20-30 minutos de exercício físico, três vezes por semana (corrida, caminhada, ciclismo, natação);  buscar realizar métodos  de relaxamento (respiração profunda, ioga, meditação);  tentar não planejar atividades que causam estress  para essa fase . A terapia farmacológica discute  o uso de óleo de prímola (ácido gama-linoléico),  alguns diuréticos, ervas,  diferentes tipos de massagens,  suplementos vitamínicos ,acupuntura,  cálcio,  e hormônios.
 
O ciclo menstrual não influencia apenas o apetite e tamanho das refeições, ocorre também variações na escolha dos tipos de macronutrientes ingeridos e na seleção de produtos alimentícios, e bem como desenvolvimento de compulsão por determinados alimentos. Podem ocorrer alterações no paladar o que influencia na  escolha dos alimentos .Com o hormônio estradiol elevado, há uma maior sensibilidade aos doce , e  quando a progesterona aumenta,cresce a sensibilidade ao amargo.
 

Inúmeros aspectos do comportamento alimentar podem estar relacionados ao desenvolvimento de compulsões. Uma antes do sangramento (fase lútea) ,elas possuem compulsão tanto para doces como para salgados, estudos relatam que há um aumento de compulsões alimentares na fase pré-menstrual (antes do sangramento) a mais relatada é por chocolate,  o que pode estar ligada à composição rica em gordura , açúcar e à textura e ao aroma deste alimento.
 
Há uma extensa variação de sintomas relacionados ao ciclo menstrual, que ocorre desde as  manifestações mais leves até as mais graves( TPM). Infelizmente, estudos sobre as mudanças no metabolismo e compulsão alimentar não são conclusivos, por não haver muitos estudos sobre esse tema. Até agora não há  um protocolo a ser adotado durante a variação alimentar no decorrer  o ciclo, a avaliação de sintomas e comportamentos associados ao ciclo menstrual deveria integrar os procedimentos de rotina. Acredita-se  que as mudanças relatadas pelas mulheres são reais e não são falta de força de vontade para controlar; com isso  condutas específicas para diminuir os sintomas negativos poderão ser seguidas, bem como ações para ajudar a paciente a lidar com as compulsões alimentares que vão surgir.

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